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terça-feira, 1 de novembro de 2011

O GRANDE MESTRE PAULO FREIRE: algumas palavras




Paulo Freire sempre se recusou a separar o professor do educador. O trabalho docente do ensinar/aprender do professor participa de um processo de construção de pessoas humanas, de culturas e de sociedades. O primeiro educador é o professor. É aquele que vive o pensamento, a teoria, a ordenação do processo de ensinar/aprender através de sua própria prática docente. Segundo as idéias de Freire, por algum momento um educador pode não estar sendo um professor, mas um autêntico professor estará sendo sempre um educador. Freire quando fala em docência, deixa claro que esta só existe com discência, ou seja, com uma constante aprendizagem. “Ensinar inexiste sem aprender”. (FREIRE, 1999, p. 26). A possibilidade que o professor possui para envolver o aluno é pela vontade de querer saber mais. Não há ensino sem pesquisa, pois pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.

E o educador enquanto personagem inserido no mundo da vida precisa não apenas ensinar conteúdos, mas também a pensar certo. Sendo que o ensino dos conteúdos implica o testemunho ético do professor. A boniteza da prática docente se compõe do anseio vivo de competência do docente e dos discentes e de seu sonho ético. O professor não pode ser alheio ao que ensina por isso que, ensinar exige reflexão critica sobre a prática. Pois,

nenhuma formação docente verdadeiramente pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e do outro, sem o reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, afetividade, da intuição ou adivinhação.(FREIRE, 1999, p. 51).

Um dos saberes necessários à formação docente é saber que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Como professor, devo respeitar a dignidade do educando, sua autonomia e sua identidade. O professor que não leva a sério sua formação, que não estuda, que não se esforça para estar a altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. Pois, a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.

A luta dos professores em defesa de sue direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. O combate em favor da dignidade da prática docente é tão parte dela mesma quanto dela faz parte o respeito que o professor deve à identidade do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser.

O currículo, para Freire, não pode ser reduzido a um conjunto de conhecimentos, distribuídos em diferentes disciplinas, organizados em seqüência a serem repassados ou transmitidos pelos professores aos alunos. Ele se preocupa com a redução do currículo a conteúdos estáticos, desconectados da experiência social e cultural dos educandos. Esses conteúdos passam a ser depositados, os educandos depositários, recipientes e os professores os depositantes, conceituada por Paulo Freire de educação bancária.

Ele está mais preocupado com o sujeito da ação educativa do que com os conteúdos da ação educativa. Partir dos educandos será o melhor caminho para pensar no currículo e na prática educativa. Quando o currículo é pensado como uma relação entre sujeito, entende-se porque Freire insiste em postura docentes e nas relações humanas na prática educativa. A postura mais importante será reconhecer que cada educando é gente. Paulo fala em uma série de valores que fazem parte da relação do sujeito educador com o sujeito educando, entre eles, o diálogo, a sensibilidade e o amor.

O que é importante no currículo é essa condição de que somos seres inconclusos. Que o educador também está em permanente processo de ser, de se formar. Quanto mais abertos, se está à cultura, ao conhecimento, aos aprendizados das vivências que se experimenta, quanto mais se aprende a arte de viver, melhores conteúdos estará se levando para a relação pedagógica. Estes são os conteúdos, os conhecimentos, os saberes humanos, sociais e culturais que para Freire são o cerne de um currículo.

A pedagogia de Paulo Freire, tendo o método de alfabetização voltado a educação de jovens e adultos, têm como idéia principal à prática de liberdade. O método de alfabetização não ensina a repetir palavras, não se restringe a desenvolver a capacidade de pensá-las segundo exigência lógicas do discurso abstrato; simplesmente coloca o alfabetizando em condições de poder re-existenciar criticamente as palavras de seu mundo, para, na oportunidade devida, saber poder dizer a sua palavra. Isso porque, alfabetizar é conscientizar; conscientização que não é apenas conhecer ou reconhecer, mas opção, compromisso.

Com o método de Freire, os alfabetizandos partem de algumas poucas palavras que lhe servem para gerar seu universo vocabular. Antes, porém, conscientizam o poder criador dessas palavras: são elas que geram o seu mundo. São significações que se constituem em comportamentos seus. Assim, ao visualizarem a palavra escrita, em sua autonomia, já estão conscientes da dignidade de que ela é portadora, a alfabetização não é um jogo de palavras, é consciência reflexiva da cultura, abertura de novos caminhos. A palavra é entendida aqui, como palavra e ação. Palavra que diz e transforma o mundo. Nesse sentido, alfabetizar-se não é aprender a repetir palavras, mas a dizer a sua palavra, criadora de cultura.


BIBLIOGRAFIA


BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. 3.ed. São Paulo: Arte e Ciência, 1998. 137p.
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12.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. 165p.
_____ . Para trabalhar com o povo. 2.ed. São Paulo: CCJ, 1992. 20p.
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_____.Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 2.ed. São Paulo: Olho D’ Água, 1993. 127p.
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FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. 8.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993

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